quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Não-Resistência do Mal com o Mal


    Preconizamos que a lei criminal do Antigo Testamento — olho por olho, dente por dente — foi anulada por Jesus Cristo e que, segundo o Novo Testamento, todos os fiéis devem perdoar seus inimigos em todos os casos, sem exceção, e não se vingar. Extorquir dinheiro à força, prender, mandar para a cadeia ou condenar à morte não se constitui, evidentemente, em perdão, e sim em vingança.
 
   A história da humanidade está cheia de provas de que a violência física não contribui para o reerguimento moral e de que as más inclinações do homem somente podem ser corrigidas através do amor; de que o mal não pode desaparecer senão por meio do bem; de que não se deve contar com a força do próprio braço para se defender do mal; de que a verdadeira força do homem está na bondade, na paciência e na caridade; de que só os pacíficos herdarão a terra e de que aqueles que com a espada ferirem pela espada perecerão.

   Por isso, tanto para garantir com mais segurança a vida, a propriedade, a liberdade e a felicidade dos homens, quanto para seguir a vontade d'Aquele que é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, aceitamos de todo o coração o princípio fundamental da não-resistência ao mal por meio do mal, porque acreditamos firmemente que este princípio, que atende a todas as circunstâncias possíveis da nossa existência e ao mesmo tempo exprime a vontade de Deus, deve finalmente triunfar. Não pregamos uma doutrina revolucionária. O espírito da doutrina revolucionária é um espírito de vingança, de violência e de morte, sem temor a Deus e sem respeito pela personalidade humana, e não queremos nos deixar penetrar senão pelo espírito do Cristo. Nosso princípio fundamental de não-resistência ao mal por meio do mal não nos permite insurreições, nem rebeliões, nem violências.

William Lloyd Harrison, Declaração de Não-Resistência ao mal, subscrita em 1838.

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