O sucesso de “Avatar” foi bilionário.
Os efeitos visuais do filme de J. Cameron são mesmo incríveis — assisti
em 3D. A mensagem central é alinhada ao que tem sido considerado
politicamente correto pelo paradigma socialoide, tanto antropológica
como ecologicamente. Milhares de povos têm sido de fato destruídos ao
longo da história por causa da ganância império-colonialista, que passa
como um rolo compressor por cima de terras, casas, referências
culturais, corpos e o que mais for preciso em nome do lucro.
Tangencialmente somos informados que a Terra já teria seu habitat
destruído — e agora vemos os homens (machos brancos) exportando para os
limites da galáxia a cultura de exploração destrutiva, garantida por
tropas militares (mercenários sem bandeira, mas que se comunicam no
idioma do mercado…), enquanto os frágeis (mulher e deficiente físico)
salvam o mundo imaginado no espaço. Uma projeção na telona das
angústias e anseios da humanidade.
Então, a mensagem de preservação de povos, culturas e o meio ambiente é bacana e necessária. Porém chamo a atenção para a teologia (o discurso sobre o deus, o divino, a deidade) que é sedimentada na mente dos expectadores “almiabertos” (boquiabertos). Não é questão de demonizar a produção e não assistir ao filme, mas de saber os corantes e conservantes que o compõem e aos quais somos expostos (e que não são informados na embalagem) e que, em alguns casos, colateralmente, poderão redundar nalgum câncer espiritual.
Cito a Wikipédia, por ser uma
referência popular: “Avatar é uma manifestação corporal de um ser
imortal, segundo a religião hindu, por vezes até do Ser Supremo. Deriva
do sânscrito ‘Avatāra’, que significa ‘descida’, normalmente denotando
uma (religião), encarnações de Vishnu (tais como Krishna), que muitos
hinduístas reverenciam como divindade… Qualquer espírito que ocupe um
corpo de carne, representando assim uma manifestação divina na Terra…”
Quando essa forma impersonalizada de Deus transcende daquela dimensão
elevada para o plano material do mundo, ele — ou ela — é conhecido
então como a encarnação ou Avatara… Em uma concepção mais abrangente, a
encarnação poderia ser descrita como o corpo de carne. Mas essa
concepção seria talvez errada, conquanto tais formas divinas não se
tornam reais seres de carne e osso, ou assumem corpos materiais. Uma
alma comum assume corpos materiais de carne e osso, mas no caso dessa
manifestação divina, seu corpo e sua alma transcendem a matéria e,
embora apareçam como impersonalizações, aquele corpo também pertence a
sua essência espiritual… Essa palavra “Avatar” se tornou popular entre
os meios de comunicação e informática devido às figuras que são criadas
à imagem e semelhança do usuário, permitindo sua “impersonalização” no
interior das máquinas e telas de computador… Tal criação assemelha-se a
um avatar por ser uma transcendência da imagem da pessoa, que ganha um
corpo virtual, desde os anos 80, quando o nome foi usado pela primeira
vez em um jogo de computador… Mas a primeira concepção de avatar vem
primariamente dos textos hindus, que citam Krishna como o oitavo avatar
— ou encarnação — de Vishnu, a quem muitos hindus adoravam como um
Deus”.
Não há como ignorar o componente
teológico envolvido no filme. Primeiro, pelo nome do filme em si (a
orientalização do Ocidente é uma tendência que vem crescendo desde
meados do século 20), assim como por um linguajar que faz referência e
remete ao hinduísmo. Segundo, pela ideia de espírito / mente de um ser
“transmigrar” para outro corpo (em “Avatar”, paralelamente, num mesmo
tempo e espaço; no hinduísmo, sucessivamente, noutro tempo e forma de
vida). Terceiro, e principalmente, pela noção panteísta de divindade,
ou seja, um poder divino embutido na natureza, visualizado e adorado em
forma de árvore especial, com a qual é possível estabelecer contato e
comunicação (é pessoal), que elege seres para tarefas salvíficas, que
mantém aquele mundo em equilíbrio, que move os elementos (animais, por
exemplo) que compõem aquele cosmos, que toma a vida (decide quem
continua a viver), que realiza o milagre de transferir efetivamente uma
alma de um corpo para outro. Quarto, pela semelhança sonora entre o
nome da divindade (Eiwa) com Jeová. Seria a tentativa de alguma
redefinição do Deus revelado por Jesus, segundo a Escritura? (A
tendência atual não é ateísmo, mas uma forma religiosa natural, mais
palatável que o Deus bíblico.) Ainda há outros aspectos, mas esses
bastam para mostrar o ponto: “Avatar” está cheio de elementos
teológicos, no caso, panteístas.
O contraste com o Deus da Bíblia é
enorme, pois ele é o Deus Eterno, Criador, o Deus Soberano no universo
(não limitado a uma lua do cosmos), o Deus que é espírito puro, o Deus
Pai de Jesus Cristo (chamado por alguns hindus modernos de um avatar…),
o Deus que ama e salva a sua criação entrando na história e assumindo a
cruz para resgatá-la.
Sem paranoia, mas vigiando (levando em
conta que J. Cameron patrocinou um documentário que questiona a
ressurreição de Jesus), o que a cultura contemporânea vem sedimentando
em nossa alma? Quais serão os efeitos espirituais reais que tal
cosmovisão terá sobre a mente de milhões de consumidores desse tipo de
cultura?
Pessoalmente, não gostaria de viver em
sociedades como as que a teologia hindu pariu (idealizada pela novela
“Caminho das Índias”). É claro, portanto, que há uma relação direta
entre a teologia e o modo de vida, entre uma teologia idólatra e um
modo de vida igualmente reduzido, entre uma concepção panteísta da
divindade e uma espiritualidade esvaziada da cruz.
Não vivemos sem cultura. Alimentamo-nos
constantemente dela. Esse artigo tem por objetivo despertar a atenção
para as expressões culturais que ingerimos. A ideia é provocar reflexão
e reação. Gostaria muito de saber quais foram as suas impressões sobre
o filme, de ouvir sua ressonância, ainda mais que o diretor já anunciou
a continuação de “Avatar” em mais um ou dois filmes.
Autor: Christian Gillis
Fonte: Ultimato
Só pra Corrigir, os Na'vi do filme não são um povo Panteísta que acreditam em várias divindades. Eles acreditam em apenas 1 Divindade, Eiwa, que é tudo e criou tudo segunda a fé deles.
ResponderExcluirO filme Avatar é Baseado na Teoria GAIA, defendida por alguns biológos e propósta por James E. Lovelock.
Panteísmo também podem ser usado quando algum povo acredita que o seu deus é tudo, está em tudo e em todos.
ResponderExcluirSegundo a wikipedia:
Etimologicamente falando, o termo panteísmo deriva das palavras gregas pan ("tudo") e teísmo ("crença em deus"), sustentando a idéia da crença em um Deus que está em tudo, ou a de muitos deuses representados pelos múltiplos elementos divinizados da natureza e do universo.
^^
Obrigado pelo comentário!
Abraços.
o filme só mostra como o homem é imbecil, quer destruir toda a natureza por dinheiro..
ResponderExcluira ganancia do homem sempre acima de tudo e de todos...
Com certeza o filme mostra isso e muito bem, a ganancia e o egoísmo do homem que destrói tudo para satisfazer sua vontade. Porem o filme também tem um outro lado que fala sobre o panteísmo mas com uma "cara legal" e as pessoas acabam achando tudo normal e legal. O filme ajuda muito o homem a abrir os olhos e ver o que está fazendo, destruindo o mundo em que vive. Porem vem junto com algumas coisas que podem ser evitadas, podemos e devemos ver o filme mas com um olhar crítico sabendo separar as coisas.
ResponderExcluirBeijo Jú, te amo ^^