segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Fatos e Aprendizados

E enquanto céticos e crentes discutem circularmente sobre a factualidade dos milagres, deixamos de considerar o que consideraram gerações e gerações de cristãos: o que os milagres da narrativa bíblica tem a nos ensinar. Qual é o seu significado. O que representam. Quais são suas implicações na vida real, na minha vida e na sua.

Nosso literalismo, que alimentamos na esperança de preservar o conteúdo da mensagem bíblica, termina por sufocá-lo e apagá-lo por completo. Ficamos discutindo que se Jesus não nasceu literalmente de uma virgem, se não foi concebido literalmente pela divina semente portando o divino DNA, não pode ser tomado legitimamente como Filho de Deus – e perdemos de vista a maravilha e o mistério de que a história conte que o filho crucificado do carpinteiro tenha angariado a fama de filho de Deus, e a tenha angariado também para nós. Argumentamos que Adão e Eva devem ter sido personagens reais abocanhando uma fruta literal, do contrário desmoronaria por completo o edifício do Pecado Original e seu magnífico anexo, o da Redenção – e nisso deixamos de ouvir a história, que conta como a divina misericórdia soube abraçar com toda a maturidade as contradições da liberdade e os horrores sagrados do amor.

Por Paulo Brabo, via Bacia das Almas

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