Faz um tempo que não posto algo de minha autoria aqui no blog mas hoje me senti inspirado novamente, ao pensar sobre o que fiz no final de semana e relacionar isso com outras coisas.
Esse final de semana eu fui na casa de um primo meu e lá com outro primo fomos jogar RPG, aquele jogo de dados onde você monta seu personagem e vai fazer aventuras por ai. No caso nossas aventuras eram na terra média já que estavamos jogando o RPG do Senhor dos Anéis. Nesse jogo você tem uma ficha do personagem onde anota os atributos, habilidades, perícias, equipamentos, saúde entre outras informações sobre seu guerreiro.
Depois de um período de tempo jogando alguem reclamou que era muito chato ter de apagar toda hora com a borracha as informações na folha para ter que alterar os equipamentos que está carregando por exemplo… seria melhor se todos tivéssemos um ipad ou um notebook pra não perder tempo com isso e poder alterar as informações rapidamente. Na hora eu concordei mas depois deitado na cama antes de dormir comecei a pensar: é isso que faz o jogo ser o que ele é, é por isso que gostamos de jogar… como dizem o mais importante e interessante é a viajem e não o destino. A diversão do jogo está nesses pequenos detalhes, em anotar informações e conferir elas com os meus primos para ver se estava fazendo a coisa certa… isso também é o jogo. Jogar não é apenas matar orcs, trolls, aranhas e evoluir, o especial do jogo é a relação que você tem com as pessoas enquanto joga, o relacionamento. Quem sabe um jogo com todo o suporte digital fosse mais rápido mas sem sombra de dúvidas também seria mais impessoal.
Então comecei a lembrar o papel que a tecnologia tem hoje em nossas vidas. Quase todas as pessoas hoje em dia tem seu facebook, orkut, tumblr, myspace, msn, twiter e [insira rede social(?) aqui]. Temos nossa grande lista de amigos que cada dia cresce mais porque a todo momento encontramos alguem que "conhecemos" e a lista aumenta.
E ai lembrei como Jesus relacionava-se em sua época. Ele não era popular e não queria a aprovaçao de todos, dizia o que tinha que ser dito. Foi muito reconhecido sim nas cidades onde ensinava mas nem sempre esse reconhecimento era positivo pois judeus planejavam a todo momento como pegar Jesus numa emboscada para matá-lo, o que acabou acontecendo. Os romanos o viam no máximo como um potencial baderneiro e agitador da pax romana. Ele não tinha muitos amigos, tinha doze discípulos e nem neles pode confiar cegamente.
Mas uma coisa é inegável: seus relacionamentos eram o mais pessoais possíveis… conversava a todo momento com as pessoas, tocava-as, deixava-se tocar, nutria um grande amor por todos e não se negava a atender quem lhe procurava com um coração quebrantado. Tanto um ofícial romano necessitado como uma mulher pagã desesperada.
Não participava da vida das pessoas de uma forma menos próxima do que marcar a vida dessas pessoas para sempre. Esse tipo de relacionamento fez com que seus seguidores após Sua morte em várias ocasiões dessem a vida por Ele, já que Ele tinha feito isso primeiro. Ele ensinou como se relacionar e os primeiros cristãos, muitas vezes, deram sua vida para ensinar a única forma de relacionamento verdadeira.
Hoje nós temos nossos 400 amigos (por baixo), mas muitas vezes parece que estamos cada vez mais sozinhos, nossa página de recados está sempre cheia mas o coração as vezes se sente vazio. Pense quantos amigos você tem de verdade, aqueles que estão de corpo e alma ao seu lado nos momentos difíceis e felizes, que estão ai para o que der e vier e estão verdadeiramente adicionados na sua vida. A tecnologia tem ajudado você a criar relacionamentos cada vez mais pessoais como esses ou ao contrário?
Dizem ser sites de relacionamento mas como se relacionar com o monitor? Eu não quero ser radical mas será que não estamos priorizando as coisas erradas em nossas vidas? Pense sobre isso… talvez não seja o seu caso mas é o de muitos já que a tecnologia toma cada vez mais espaço em nossa vida.
Você pode ler esse texto e outros do meu blog, comentar ou trocar e-mails, mas enquanto não me conhecer pessoalmente, não como autor de um blog (ou uma página na internet), mas como um ser humano, jamais vai ter um relacionamento comigo ou me conhecer de verdade.
Por aquele que não se relacionava por menos de um toque.
RPG sem Ficha de papel, JAMAIS!
ResponderExcluirSou Tradicionalista, gosto da boa e velha ficha de papel! Como dizia o antigo narrador que jogava comigo "A ficha é a Alma do Personagem"!
Faz tanto tempo que não jogo uma aventura medieval! =)
Gostei do texto, foi um link bem legal entre nossa realidade e um grande exemplo da humanidade!
Números no orkut e facebook realmente não fazem ninguém mais feliz!
Joguei RPG pela primeira vez e achei muito massa! Quero jogar mais vezes agora :D
ResponderExcluirE muitas vezes mesmo convivendo presencialmente com a pessoa não apresentamos disponibilidade interna para deixar que o outro desbrave nosso mundo interior... A arte das relações consiste na aceitação incondicional do outro, mediante atitude humilde de reconhecer-se pequeno, frágil e igualmente errante.
ResponderExcluirÉ verdade, e é bem difícl aprender isso... só com a experiência da vida, a partir do momento que você desenvolve seu auto-conhecimento.
ResponderExcluirTexto incrível, um choque de realidade...A vida não se resume a recados em redes sociais, e-mails e telefone.
ResponderExcluirImpossivel é acreditar que a maior parte da população se contenta com tão pouco. O relacionamento interpessoal tornou-se literalmente via internet.
Não temos como fazer semelhança alguma com o relacionamento e conhecimento que fluir quando estamos um frente ao outro.